- OPINIÃO

É HORA DE IR À BAIXADA. NOVAMENTE.

Corria o início de 1985. O verão só não era mais quente que a esperança do povo brasileiro, ávido pela posse de Tancredo Neves, na presidência da República, depois de anos de ditadura militar.

No futebol as coisas na terra dos pinheirais era sempre a enjoativa mesmice. Um dia, no começo do ano, um certo chinês se levanta de sua cadeira em seu gabinete, pega seu talão de cheque, seus óculos, ajeita seu terno, passa pela sala de sua secretaria no Couto Pereira e avisa.

  – Já volto!

O mítico presidente do CC Evangelino da Costa Neves*, se dirige até a garagem do estádio, pega seu carro e parte. O destino e a intenção só ele sabia.

O honrado presidente coxa branca, desce a Ubaldino do Amaral, sobe a Visconde de Guarapuava, entra na Buenos Aires e estaciona seu carro numa certa baixada. Ali se faz como sempre o fez educadamente se anunciar ao presidente atleticano da época.

Convidado, adentra a sala do cortes presidente atleticano, puxa seu talão de cheque assina-o e espera. Dez minutos depois o “chinês” sai por um lado e o maior ídolo do rival, naquela época, o goleiro Rafael sai por outra.

Rafael sobe para o, naquela época, Alto da Glória para fazer exames médicos.

Descendo a Getúlio Vargas, o china dá uma passadinha no Colorado.

Faz uma visita de cortesia ao amigo Aziz Domingos*, o mesmo que meses antes tinha oferecido mil cruzeiros para cada gol marcado por Lela e cia em seu sele boca. Levou quatro.

Na conversa o Chinês faz o mesmo ritual. Minutos depois, enquanto passava na boca maldita pra tomar seu cafezinho com os amigos, Dida a revelação e Marildo o discreto e eficiente volante subiam ao Couto Pereira para fazer exames médicos.

O que o mais apaixonado torcedor do CC, entre eles, esse que escreve, não imaginava é que estava nascendo ali o futuro campeão brasileiro daquele ano.

Rafael foi mágico. Dida e Marildo, ao lado de tantos outros heróis, peças fundamentais. Até mesmo o insosso narrador da globo àquela época, atônito com o CC, conseguiu arrancar do seu âmago um elogio ao brioso time do seu Ênio e do querido Chinês.

Mesmo com uma fortíssima miopia o chinês enxergava mais sobre futebol que dez olhos juntos. Mesmo sem olheiro disso e daquilo nosso china era “cirúrgico”.

Está na hora do presidente do CC fazer o mesmo ritual ir até a baixada e trazer MCP para administrar o CC. Só ele pode salvar a lavoura.

*Dois ricos personagens que engrandeceram a história do futebol paranaense.

Paulo Rink.

Paulo Rink

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96 COMENTÁRIOS EM “É HORA DE IR À BAIXADA. NOVAMENTE.

  1. Apenas uma observação para enriquecer a Coluna do Paulinho. Quando eu jogava na base do Coritiba quase fui as vias de fato com o jogador ex Alexandre Totó, cujo ele tinha um irmão que tinha o apelido de Zoio, e um primo meu chamado Celso (in memoria) deu um cabal nele na época., Numa sociedade que se chamava Rincon Argentina (hoje supermercado). Na avenida Paraná. E Viva a banda de rock, (nessa época) ABAIXO DE DEUS!

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  2. Apenas para finalizar seu eu não me engano tinha um membro da IAV que tinha um estabelecimento no bacacheri em frente a base, se eu não me engano o cara se chamava Maris, ( pode ser que eu esteja errado no nome) e como alguns sabiam que eu era da torcida MANCHA VERDE, tentaram me intimidar, nesse episodio eu não esqueço do Jean e do Vulcão que disseram ” Não arrisquem a sorte com ele aqui” o Jean e Vulcão eram primos do Lambari extremamente respeitado no bairro e amigo meu. Foi nessa época que acabou a Mancha, e eu o Criciúma e cia fomos para a IAV(que nada tem haver com esse grupo politico que o Lano comanda, para aplaudir Sumir).

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